segunda-feira, 10 de agosto de 2015



Autista, o menino sábio

Teu mundo dentro do mundo
Dentro do mundo... Dentro...
Espiando o que se passa
Lá fora...
- É que meu mundo
Não cabe no seu mundo.
Faltando palavra
Na sobra do pensamento...
Sobrando imagem
No olhar que vendo...
O eco espanta meu medo,
Teu medo, nosso medo...
Talvez seja segredo
A percepção do ilógico
Do teu gesto módico.
-É que meu gesto tem vida própria,
Vai e vem sem resposta...
Apenas o olho escorrendo
O escape das cenas...
Cenas? Apenas o gesto...
 O gesto... Escrevendo.
Sergiodonadio.blogspot.com


Parcerias


Vira o rosto ante a morte,
Parceira da sua,
Tenta não ver que o outro morre,
Contorce-se de dor o corpo menino...
Esta morte não fala à consciência,
Não é seu sangue. Esta vida
Se esvai como o pôr do sol
Turvando as rugas de cada face,
Tolhendo a visão da hora clara,
Colhendo as flores do momento,
Tolhendo árvores de galhos secos
Esta vida se esvai...
Turvada com o pôr do sol,
O fogo da dor cavada no cenho
Na profundeza desse gemido,
Se mostra inteiro, doído
No sentimento irmão
Exponde seu fechado perfil
Transido de sofrer.

Ri-se das lembranças,
Corre o caminho de seus dias
Colhendo frutos maduros
Do caquizeiro
Antes que o corram dalí
Os velhos sem pernas boas,
Cuidados de seu pomar...
Geme e viram-lhe o rosto
Os juízes de sua pena,
Não veem contorcer-se
Um corpo menino,
Tolhido da visão mais bela,
Da hora mais clara
Dessa fase da vida, cheia
De fomes, quereres, sonhos,
Deixados queimar
Nesse tempo que se esvai...
Turvado de estar se pondo,
Priorizando a própria morte,
Parceira da outra.

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