domingo, 16 de agosto de 2015

Noticioso trágico em 2/2/1976

Que atualidade vejo nos versos
desse Antonio, o de Castro Alves...
Que dor ainda não foi cuidada:
Ver morrer em cárceres, enlutada,
A voz do povo que ergueu sincera
Em altos brados a dor dessa terra!
Serás, Antonio, ouvido um dia?
Aos gritos a agonia do negro povo
Que traz além pele alvura do céu
Aberto gesto à podridão do lodo!
Será ouvido teu ardor de poeta?
Que o que falaste de seu tempo
Repete-se como o sol na fresta,
Buscando nos gemidos solitários
Abaixo da coberta ensanguentada
Na cela dividida com o sudário
A denúncia soturna desse tempo,
Garganta dilacerada urde questão
Da antiga mágoa revivido o gesto
Do açoite ao renovado dardo.
Que atualidade nesses dados...
O perene motivo do Poeta.

Sergiodonadio.blogspot.com

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