sexta-feira, 5 de maio de 2017

Como samambaias


Estaremos partindo sempre,
Se não do porto, da vida…
Das emoções desvividas,
Das memórias autofágicas…
Estaremos sempre de partida,
De nossos princípios apeados
De forma trágica…
Sempre querendo não ir,
Ficar entre as samambaias,
Lembrar que o tempo
Não as leva como outros
Seres mais frágeis…
Nunca estaremos prontos
Para partidas e chegadas.












Hoje a ventania forçou a janela,
Em princípio não se apercebe
A força descomunal dela…









Preparando-se para a vida
O quanto pode o menino
Para no vésper matutino
Tronar homem ou bandido?







A recordação


Tem o antes e o depois…
Com seu cômodos alinhados
Num lembrar de risos e choros,
Caras e mancas
No amanhecer de claros
Escuros entardeceres…
Mistura-se na memória,
Difícil separar amor de raiva,
Bem quereres e maus quereres
Afeitos à lembrança
Das cicatrizes expostas
Numa mente que ainda sofre
Sensações de derrotas…










Outro ninho


Uso a espera
Como escudo…
Navalha ou fuso,
Que, de fora somem
Apressados brigadores…
Eu não, espero a calma
Como espero
O pão quentinho
Com manteiga
E desalinho
Na procura
D’outro ninho…











Condescendências


Me vens condescendendo
Não pedido, mas agradecido,
Há de haver alguém, um deus,
A ter a ver com isso? Depois,
Dos montes, dos arvoredos,
Tudo que não pedi ascende
Que eu seja regrado por isso,
Pois o que me veio no dia hoje,
Disposto ser a graça, das lidas,
Deixada em suor a merecer
Na primícias indevidas?
Me vens condescendendo
Um último aviso?










Os dias vão se inundando,


Os dias vão se inundando,
A fé desfaz-se em descrença
Ao cansado demais da conta…
Os dias vão se inundando,
E as horas se amontoando
Em tempos de fera competição,
Como salmões desovando
Na fonte, difícil de alcançar…
Os dias vão se inundando,
Tantas trapaças e engodos,
O triste de viver-se a saber
Que amanhã seremos
                            Osso!










O vento zomba


O vento zomba
Da pouca força dos telhados
A se desfazerem ao zumbido,
Aterrorizados…
O vento poda
As forças desse homem
E impõe-no a seu cajado…
As sombras se avolumam
E se derretem sob a forma
De uma prece obviando
Cada fato.




Será a vida uma espera


Será a vida uma espera?
Ouço sonhadores dizerem
Que um dia viajarão…
À Roma, à Nova Iorque, à lua!
Será a vida uma espera
Pela manhã de sol?
Pelo amanhã de vindas?
Será a vida uma espera
Do que se promete manso,
Idílico, lindo, na véspera?
Será a vida uma espera
Pela próxima carruagem,
Ou apenas prorroga sonhos
Para mais tarde?
Será a vida uma espera
Pela melhor sorte,
Ou pela morte?


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