segunda-feira, 24 de abril de 2017






Cumpadre


Nessa vida vazia,
Por muito ocupada,
Há de caber ideias
De viagens deixadas…
De livros não lidos,
Poesias relevadas…
Nessa vida ocupada,
Vazia de nadas,
Há de caber sonhos
Regidos por sonhos…
O tempo, cumpadre,
Opera maldades
Entre o feito tijolo
E o abstrato acabado
Em rugas e tombos,
Em flores e campas…
O tempo ferocidado
Pelo gasto…





Luz e sombra


O que vale
São a luz e a sombra…
Não olhe da janela
O pássaro chegando,
Ele irá embora,
A árvore florindo,
Ela invernará,
O menino correndo,
Ele crescerá…
A luz estará aí
No próximo verão…
A sombra te dirá
A força da empreita…
Se a sombra se esconder
Já é meio do dia
Ou meio da noite…
Restará o som da sombra
A te espreitar de novo.





Os primeiros anos


Aos primeiros anos, de fato,
Há de se formar homenagens,
São assim tão delicados…
Do berço sacodem os outros,
Nas ruas se perde o sono…
A vida se lhe translucida
Se não se os abandona.
Aos primeiros anos se deve
A atenção aos seguintes,
Maldado o que se embebem
De saberem-se vindos.
Do nada aos primeiros anos
Se ensina a falar, e ouvir,
A gesticular-se nas fases
De saberem-se vidas!
Aos primeiros anos
A impressão do depois
Haverem-se por esquecidas…








Quando o vento toma para si
A força da natureza
Não há muro ou coração
Que não ceda…






A pessoa sente-se realizada
Quando pode ser por dentro
O que se mostra por fora…










O som das folhas


Anime-se!
Grato à tua devota religiosidade.
Não conheço peça mais lírica
Que o som das folhas no outono,
Que se desfazem, prometidas
De seu retorno…
Anime-se!
Também tu, assobiado ao vento,
Caído em folhas secas,
Retornará ao seu tempo,

Verdejando novamente…

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