segunda-feira, 2 de novembro de 2015



Muitas pessoas, adormecidas segundo Quintana, fazem falta. Principalmente meus pais, que me seguram no colo ainda hoje... Tanto tempo idos...

PAI

Eu estava aqui enquanto partias,
Ainda estarei aqui quando fores.
Vi tua calma quando morrias, e
Vai-me morrendo pouco a pouco...

Um pouco a memória te desfaria
Como desfizeram de ti os ossos,
Mas estou aqui lembrando disso,
Provando a mim quanto não posso.

Mesmo que não me tenhas alento
Ainda te escuto quando me ligo
Às horas dormidas do pensamento:

Um tanto memorar cada momento,
A perguntar por mim se te olvido,
A fazer-me chorar quando te lembro


Mãe

A tua ausência presencia em mim
O que falta de vida por viver...
Como as raízes hereditárias
Da planta mãe o solo que acolheu.

Que mais posso querer da tua terra
A que me fez firmar sobre a minha
Os pés segurando um corpo frágil
Que possa prever o que não era,

A alegria nos tempos imemoriais
Da infância, mesmo não sendo
Eternos mas infinitamente irmãos.

Carinho, conquanto breve, temos
A paz de teu sermão, a benção
No sempre abraço que nos leve.

Sergiodonadio.blogspot.com
Editoras: Saraiva,Perse, Incógnita Portugal
Clube de Autores, Amazon Kindle.

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