quarta-feira, 1 de julho de 2015




Saraus


Esses dias de poesia valem anos...
Sim, somos iguais...
Capitalistas ou provincianos








Entre parêntesis


(a cor começa a tingir-se
Desgastada no que aparece
Quando se apaga na memória
 Desanuvia, embranquece...)




Cá entre nós


Foi preciso tempo hábil
Para delinear o tempo
Entre o fazer e o lazer.
As coisas fundem-se
Umas às outras...
Os momentos se atropelam,
As concussões se alternam.
Como fora difícil errar
Nas assertivas da vez...
Cá entre nós, valeu.
Valeu o corte fundo no pé,
O desgaste na coluna,
O coração acelerado...
Valeu, sabe por que?
Por ter criado um passado
Escrito a letras graúdas...
Levado pelas miúdas
Esperas de querer mais.
Valeu, que tudo vale a pena
Não sendo a alma pequena.



Confabulário


Confabulo com as saudades
Das coisas revividas nelas.
Aquarelas? Nem sempre,
Às vezes desbotadas...
Às vezes rebuscadas...
Mas sempre fazendo parte
Dos ontes levados hoje
Como memória, olvido...
Saudades trazem sentido
Às mínimas estiveranças
Nuvens que passam e ficam,
Gentes que se ausentam
Mesmo presentes...
Saudades tratam bem disso,
De seguir em frente...











Cresci um pouco através
Do tempo ensinamento...
Que me dobrou
À dor ensinamento.
Crescendo quase nada
E já diminuindo de novo
Esquecendo lição ensinada...




















Quando cortei a árvore
Fronteiriça a casa
Senti-me vencedor
Sobre sua natureza
A alijar alicerces murais
E calçadas...
De tarde ouvi a passarinha
Procurando o ninho
Da árvore derrubada













Enquanto tiver forças


Enquanto tiver forças
Viajarei pensamentos
Cimentando sentimentos
Puros ainda, impuros
Visto por outro lado,
O lúdico sádico.
Enquanto ouvir cantar poemas
O pássaro distraído,
Fugido de um gato faminto...
Enquanto houver caminhos
Caminharei a pé...
Enquanto ainda... Enquanto aindas...
Talvez seja um nada
Frente ao universo de estrelas
E fagulhas em casas
de botões errados
enquanto ainda estiver erado...
enquanto ainda....

sergiodonadio.blogspot.com



Águas quentes de Goiás


Fogo... Fogo... Fogo...
Até tu vira água
De novo?








Sobre a fome aguda


Boi de engenho se acostuma
Com cana seca passada na mó
Da destilada garapa









Para certa serventia
A folha tem de ser macia...
Assim é que se conhece
A desservida urtiga...






Inábil


O som que eu conseguiria
Tirar da flauta barroca
É o mesmo que tira o vento 










Há poesia na poesia?
Se fosse doer menos
Que poesia haveria?






Bala perdida


Tens dois dias
Para aprender esse passo,
O que te coloca
Fora da mira do balaço.










Pode que o dia
Acabe em tragédia...
Então viva tua fantasia
De manhã à tarde.
Não tarde, que o tardo
Perde um tempo hábil.






Face a face
Faz-se um passo
Frente à face em ruga
Faz-se a fuga







Dança


Na falta do que fazer
Faça versos...
Na falta do que comer
Coma versos,
Que o sustento da alma
É inverso
À fome que o corpo tem
Pelo verso.

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