terça-feira, 28 de abril de 2015



Bigas


Deito-me,
Entre cobertas abertas
Fecho os olhos, fecho os sentidos
E viajo...
Visito países bascos,
Mediterrâneos,
Fileiras de parreiras de Espanha...
Não importa ver grandes obras atuais,
Prefiro as ruínas romanas
Por todo seu império
Desfeito em ruelas,
Conturbado pelo som das sirenes,
Carros por toda parte,
Que não são bigas...
Deito-me
E me sinto vigiado
Por esses recantos floridos,
Um dia palco de guerras
De todos os tempos,
E convivem comigo.




Algo sussurrava sob o solo

Algo sussurrava sob o solo...
As mariposas queimaram suas asas
Em torno da luz,
Uma vaga noção do ocorrido
Gerava esse medo infuso...
O fogo se empalhava em remoinhos,
A madeira da árvore crepitava
À luz desse fogo...
Deixei uma panela de pinhões
Na lareira,
Corri...
Como se lá fora fosse mais seguro
Peguei uma concha de água no chão,
Molhei a testa, acordando meus medos,
Alguém chama pelo meu nome,
Assisto o medo nas faces outras,
Eu estava brilhando, diziam,
Com as maçãs do rosto envergonhadas
Reagi ao medo paralisando
Quando vejo a menina arrumando
Uma flor vermelha nos cabelos,
As estrelas continuam piscando
Sua cor de prata.
Sergiodonadio.blogspot.com



Embora seja visto idoso
Estou vagando
Pelas terras ocas dessa estrada
De montanhas desfeitas
E mariposas,
Descobrindo quão pequenos somos,
Nós, a montanha e a mariposa,
Queimados.
Vou descobrir onde ela se foi, 
E pejar e lavar as mãos; 
E andar entre doloridas folhagens, 
Até que o tempo dos tempos
Flore outra vez 
As maçãs à luz da lua, 
Banhadas pelo calor do sol
E as mariposas voltem,
E eu possa voltar também.









Doação


Do amor
Não espere amor,
Espere a agonia por amar...
Não espere vitoria
Da derrota de amar.
Não espere recompensa,
Que é renúncia...
Somos amáveis?
Amantes?
Amados?
A dor de amar traduz
A necessidade de dar-se.
Por isso, do amor
Não espere doação.
Doe-se e se doa
Por amar. 

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