sexta-feira, 3 de abril de 2015



A cor do tijolo


Do cinza desespero
Ao verde esperança.
Um a um...o pó cimento-cola
E água...muita água trazida
Das longes cisternas.

Um a um se estendem
E se desprendem
Das peles soltas e dos calos,
Aos borbotões do piso ao teto
A esperança quase deserto.

A face chora pelos poros
Suando as fileiras desenhadas
De tijolos...só tijolos
A costa treme ao dobrar-se
Outra vez o mesmo trecho.

A esperança se acinzenta
Até que do liso da paisagem
Surge a cor do tijolo, face a face
Com o cinza cansaço, e, enfim,
A esperança, verde esperança.






O reciclador


O que se fez lixo se recicla,
Não mais caneta tinteiro
Nem tinteiro, nem pena ou
A pena de penar apenas...

O leite em caixas! O óleo,
O vinho, a carne, a tarde...
Reciclados ao avesso
Do suco esperado.

O lixeiro, ops, reciclador,
Faz do papel velho, embrulho,
Do incômodo pet outro oleiro,
O que era lixo, dinheiro...

Papel picado? Recicla
O trocado multiplicado...
Da vergonha do catador
Ao orgulho reciclador.

O escravo da pobreza
Literalmente põe a mesa
Sem o itens consumíveis,
Restritivos da outra mesa.

Sergiodonadio.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário